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21.7.09

O Cruzeiro e o real

Mais que a derrota na final da Libertadores, importa considerar como a decisão foi tratada aqui no Brasil

O BRASIL não é o país do futebol.

É o maior vencedor e o maior celeiro, mas mais países do futebol são a Inglaterra, a Argentina, a Itália.

Aqui não se cultiva O JOGO, não se trata o futebol com reverência, não se dá a ele a liturgia que merece.

No máximo é visto como paixão e entretenimento, pois até como negócio é maltratado.

Prova disso, mais uma vez, foi que na maior noite do futebol no continente outras seis partidas do campeonato nacional rivalizavam com a decisão da Libertadores, num desrespeito à grandeza do que acontecia no Mineirão.

E o eixo Rio-São Paulo nem sequer recebeu a transmissão do evento internacional pela TV aberta, algo simplesmente impensável na Europa, na Liga dos Campeões.

É ululante que o torcedor prefira ver seu time em ação a qualquer outro, por mais importante que seja a disputa em que este esteja.

Razão pela qual, em nome do JOGO, há que se tratar de maneira diferente aquilo que é mesmo diferente, raro, que acontece, no máximo, uma vez por ano, quando acontece, no dito país do futebol.

A dor da maioria, a festa da minoria, a primeira apoteose, a virada dramática, os ingredientes todos que fazem do JOGO o mais popular e mais democrático do mundo (só nele alguém com o físico de Diego Armando Maradona pode ser o número 1) deveriam ter sido tratados com o devido respeito, para que as gerações se sucedam na perpetuação de seus vínculos e não apenas como a repetição do ganhar, do perder ou do empatar.

Quem não entende que o estádio tem um quê de templo, que aquele cimento é um território sagrado, que aquela grama é a mais especial que há na face da Terra, não está entendendo nada do que fala a linguagem do JOGO.

São meros burocratas, gente capaz apenas de pensar da mão para a boca, sem nenhuma preocupação com o futuro, porque, afinal, estarão tão mortos amanhã como estão hoje em sua mediocridade.

Quem não viu ou não teve como ver os 90 minutos de tensão disputados por Cruzeiro e Estudiantes na última quarta-feira perdeu a chance de viver com a camisa celeste a angústia de um épico tal e qual teria vivido com as cores do seu time de coração.

E perdeu a chance de ser solidário, de ser generoso, de se sentir protagonista de um momento especial na vida do JOGO.

É de se lamentar, enfim, que o pragmatismo do dinheirismo insuflado pela batalha das audiências chegue ao ponto de fazer tábula rasa de momentos sagrados, como uma decisão de copa continental.

Razão pela qual o velho escocês Bill Shankly, saudoso técnico e gerente do Liverpool quando o time inglês dominou a Europa, deve mesmo ser imortalizado pela frase que consagrou: “É claro que o futebol não é uma questão de vida ou de morte. É muito mais do que isso…”.

Um dia, quem sabe, haverá, no Brasil, dirigentes e não cartolas, executivos e não burocratas na administração do JOGO e de tudo que o cerca, para que nunca mais ninguém seja privado de ver o essencial em nome do circunstancial.

Bem diferente, portanto, da realidade de hoje.

Oremos.

Copiei do Birner que copiou da coluna de Juca Kfouri na Folha de SP, edição de domingo.

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Quem Sou Eu:

Nome: Tiago Bispo dos Santos Lozalização: São Paulo
Simplesmente apaixonado por: futebol, música, fotografia, cinema, literatura, cultura, e principalmente pela vida. Acredito no ser humano; não como um simples ninguém, ou um transeunte qualquer, mas sim como alguém especial. Alguém que assim com eu, pode mudar o mundo ao seu redor, e melhorar a qualidade de vida do próximo, e da nossa. Não confio no poder do mundo, mas acredito na sociedade organizada em pequenas comunidades. Ou seja, sou anarquista. Minha cabeça é um projeto inacabado, em uma constante mudança. Com pensamentos distintos, do que eu acho que é certo e o que eu acho que é errado, de quem eu posso ou não posso confiar. Tento ser compreendido, mas por eu ser esta metamorfose alucinada, nem eu mesmo me compreendo. "...Eu prefiro ser Essa metamorfose ambulante Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo..." "Se as portas da percepção forem abertas, as coisas surgirão como realmente são, infinitas..."
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